quarta-feira, 22 de julho de 2015

[Raio X] Ederson

Ederson chegou, ao fechar da janela. Não é o 10 dos sonhos, muito longe disso. Mas vem para tentar ajudar o time. Se conseguir. O histórico de lesões é muito grande (principalmente no tendão e no músculo abdutor), ficando fora de 45% das partidas do seu time nos últimos 3 anos por este motivo.

Porém, na última temporada, ao contrário do que é dito e replicado sem uma pesquisa sequer, o maior motivo de ficar ausente dos jogos é por opção técnica, não pelas lesões. Foram nada menos do que 17 partidas no banco, sem ser considerado como opção para o jogo. Nenhuma partida como titular. Apenas 4 entrando do banco, com uma delas durando um tempo de partida e as outras entrando praticamente nos acréscimos. Em média, nesses 4 jogos que ele entrou, passou 17 minutos em campo.

Vejamos a tabela com todos os números das últimas 3 temporadas:


Analisando a única partida em que passou um tempo em campo, dá para ter um pouco de noção de como se posiciona em campo e como participa do jogo.

Veja os passes distribuídos durante a partida. Nada de toque de lado, ele sempre procura jogar a bola à frente ou fazer inversão de jogo. Ele ocupa a faixa do meio do campo, com poucos avanços para a área adversária.


Ele chega comparado a Carlos Eduardo. Mas Cadu não teve lesões graves no período que jogou no Flamengo. Seu problema era técnico mesmo. Se Ederson conseguir passar um bom tempo sem se machucar, pode ser que com uma boa sequência e recupere seu futebol dos tempos do Lyon. Apesar de brigar com todos os números, é isso o que a torcida do Mengão espera.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Fincando os pés do urubu no chão


Ganhamos uma em casa! Maravilha! Incrível como tudo fica lindo, maravilhoso, em suaves tons de azul. Há uma paz reinante por todos os lados. E ao mesmo tempo, começam os "rumo ao título","deixou chegar, f*" e mais outras tantas frases que saem de nossas bocas e dedos na empolgação de momento. Afinal, crescemos sabendo que para o Flamengo, nada é impossível. E parece que depois de 2009, todo ano é santo.

Bem, vou pedir licença para ser a chata da turma. Vou puxar o pé do urubu para o chão, porque ainda está bem longe de ele poder planar em céu aberto.

Vamos fazer umas continhas. Temos hoje 38% de aproveitamento, com 16 pontos em 14 jogos. Faltam 24 jogos para o final do campeonato. Vamos imaginar que tenhamos uma arrancada fantástica, atingindo 65 pontos, que é uma pontuação razoável para entrar no seleto grupo do G4. Então, faltariam "apenas" 51 pontos a ganhar. Isso significa um aproveitamento de 70,83%, ou seja, 2.1 pontos por partida, chegando a 57% ao fim do campeonato.

É impossível? Não existe nada impossível, graças a Zico. Mas é realmente muito, muito difícil. Ainda mais quando vemos nas estatísticas que a média de aproveitamento do Flamengo desde 2003 é de 46,63%. Luxemburgo, no ano passado, teve 56,41% de aproveitamento. Em 2009, aquele ano espetacular, terminamos com 59% de aproveitamento.

Outra coisa importante é que teremos desfalques sempre nos períodos da Data FIFA, reservadas para amistosos de seleções. Serão no mínimo, no mínimo 3 jogos sem o Guerrero. Isso eu contando que ele pode jogar num dia, voltar correndo e jogar logo em seguida pelo Flamengo.

Podemos ir para a Libertadores através do Campeonato Brasileiro? Podemos. Mas é o caminho mais difícil, a esta altura. Acredito que há chance de terminar entre os 8 primeiros do campeonato, coisa que não acontece desde 2011.

A Copa do Brasil sempre está aí como um atalho, podendo ser usada para este fim, além de aumentar nosso acervo na sala de troféus. Para mim, este deve ser o foco, novamente. E continuará assim, enquanto não formos capazes de nos planejar e ter um time pronto em março e não em julho, com um terço do campeonato em andamento.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Canteros realmente só joga para trás?

Canteros chegou ao Flamengo ano passado com a expectativa de ser um homem para dar qualidade no passe no meio de campo rubro-negro. Depois de uma boa temporada no ano passado, esse ano o volante vem sendo duramente criticado pela torcida, que diz que ele erra muitos passes e só dá passe para trás. Mas será que é mesmo? Vamos analisar os números e ver se realmente eles espelham essa impressão.

Segundo o site Squawka, que analisa o desempenho de jogadores usando a Opta como base de dados, o aproveitamento de passes de Canteros na temporada passada foi de 81%. Nesta está em 85%.

Vamos detalhar esses passes. Em 2014, esses são os números:

Em 2015, são estes:

Nota-se que os passes que ele erra mais, proporcionalmente, são os de bola longa. Quase todos, na verdade. Nota-se como ele diminuiu a quantidade de cabeceios de um ano para o outro (linha vermelha). A proporção de acertos e erros é bem parecida de um ano para outro, vendo por este gráfico, sendo levemente menor a quantidade de erros este ano.

Comparemos então como foi a evolução de passes (linha azul) e percentual de acertos (linha vermelha) jogo a jogo nas duas temporadas.

Em 2014, vemos uma participação um pouco mais regular, com alguns picos de quantidade de passe, flutuando entre 30 e 60 passes por partida, com a maior parte concentrada entre 75% e 85% de acertos.


Neste ano a quantidade de passes diminuiu. Vemos que ele tem menos participação no jogo, com uma média entre 30 e 50 passes por partida. Em compensação, houve várias partidas em que ele superou os 85% de acertos de passe. As curvas parecem ser proporcionais, mostrando que as melhores médias de acertos foram quando teve maior quantidade de passes executados.


Mas e os passes, são mesmo na maior parte para trás? Porque não adianta ter 85% de acertos se a maioria desses passes forem improdutivos. Vamos saciar sua curisidade:

Em 2014, 30,3% dos passes foram para trás e 69,7% para frente ou para o lado.

Neste ano, 35,6% dos passes foram para trás, um aumento de 5,3%. Talvez isso explique o porque de ter aumentado o percentual de acertos, já que é mais difícil errar um passe para trás do que para frente.


Ainda quer mais dados? Pois vamos ver como foram os passes do Canteros nos últimos 3 jogos do Campeonato Brasileiro, contra Figueirense, Internacional e Corinthians.

Contra o Figueirense foram 69 passes. Dentre os 3 analisados, foi o que ele teve maior participação, obtendo 81% de acertos. Este é o retrato dos passes errados:


E este é o dos passes acertados. Na maior parte do tempo, vemos que ele está mais centralizado, ajudando na armação das jogadas.


Veja o mapa de calor nessa partida:


Contra o Internacional, foi o jogo que ele teve menos participação dentre estes. Foram apenas 41 passes, com apenas 78% de acertos, muito mais erros que no jogo passado, proporcionalmente. Vemos que ele errou várias bolas perto no campo defensivo.


Já os acertos foram concentrados mais nos lados do campo, com passes curtos. A maneira de jogar foi completamente diferente do jogo contra o Figueirense, provocada pela entrada de Guerrero no time.


A seguir, o mapa de calor, mostrando que ele jogou mais pelos lados do campo:

No jogo contra o Corinthians, Canteros participou com 59 passes, tendo 85% de acerto. Foi o jogo em que teve maior aproveitamento nos passes. Nota-se que os passes errados concentraram-se no lado direito do campo, em tentativas de lançamento.


Já os passes corretos ocorreram mais no meio do campo, caindo para o lado direito, como no jogo contra o Figueirense, como vemos no mapa de calor. Nota-se claramente que grande parte dos passes é para o lado, tendo dois lançamentos que não se tornaram gol.



Sim, vemos que realmente Canteros faz muitos passes para trás e para os lados, e que isso aumentou do ano passado para cá. Mas que também erra mais passes quando está pelos lados do campo do que centralizado, provavelmente porque arrisca mais. Estando centralizado, ele faz um papel de armador, voltando a bola, tocando de lado e fazendo de vez em quando um lançamento, errando menos.

terça-feira, 14 de julho de 2015

O desempenho do Flamengo nos últimos 3 anos no campeonato brasileiro

É sabido que desde que começaram os pontos corridos, o Flamengo não é conhecido por fazer campanhas primorosas. Salvo uma ou outra exceção, dificilmente ficamos no top 5 da tabela. Acostumamos a ver o Mengão fazer ou campanhas medíocres, ficando no meio da tabela, ou desesperadoras, quando ficamos contando os números jogo a jogo.

Porém, nos últimos 3 anos, conseguimos ter campanhas piores do que a média. E esse ano os números são realmente muito ruins. Claro, ainda há muito campeonato pela frente. E há times piores e vasco versa. Mas o sinal de alerta vermelho pode e deve ser ligado, desde já, com mais de 1/3 do brasileirão já jogado.

No acumulado de todos os jogos de pontos corridos, desde 2003 até quarta passada, fizemos 489 jogos, somando 684 pontos. Ou seja, um aproveitamento de 46,63%. Destes 489 jogos, tivemos 180 vitórias, 148 empates (somos recordistas nesse quesito) e 161 derrotas. Marcamos 637 gols e levamos 624.

 

Então vamos ver como é uma campanha padrão do Flamengo. Ao final de 38 jogos, estatisticamente teremos:
- 53,5 pontos
- 14 vitórias
- 11,5 empates
- 12,5 derrotas
- 49,5 gols a favor
- 48,5 gols contra 

Avaliando somente os últimos 3 anos, da administração Eduardo Bandeira de Melo, tivemos desempenho abaixo dessa média em todos os 3 anos. Parte justificável pela nossa política de pagamento de dívidas, que nos deixou sem muita capacidade de investimento, parte por investimentos errados em jogadores que não corresponderam em campo, parte por falta de planejamento de médio prazo no futebol, fazendo com que tivesse muitas trocas de gestores, VPs e técnicos.

 

Em 2013, tivemos a questão da escalação do André Santos, virada de mesa do Fluminese e toda a história que todos nós estamos carecas de saber. No final das contas, a pontuação oficial obtida foi de 45 pontos, 7,15% a menos do que a nossa média. Marcamos 43 gols, -13,3% do que costumamos e sofremos 46, menos que os 48,5 que costumamos levar. Se não tivesse tido esse fato, provavelmente estaríamos muito próximo de nossas campanhas usuais.

 

Em 2014 começamos tão mal quanto este ano. Mas houve a chegada do Luxemburgo e houve uma grande arrancada, que fez com que se achasse que ele deveria se manter como técnico este ano. Apesar de toda essa festa, marcamos 52 pontos, 1,5 a menos que a média. Tivemos 14 vitórias (igual a média), 10 empates (1,5 menos que a média) e 14 derrotas (mais 1,5 do que o costume). Marcamos menos gols (3,5 a menos) e sofremos também menos (1,5 a menos). Ou seja, vendo esses números, foi uma campanha um pouco abaixo da média.

 

Neste ano de 2015, estamos mal em absolutamente todos os quesitos. Temos somente 13 pontos, quando o normal seria termos 18. Tivemos 4 vitórias, quando o esperado seria 4,7. Temos apenas 1 empate, quando costumamos ter 3,9. E temos inimagináveis 8 derrotas, quando o normal seriam ter aproximadamente 4. Os gols contra aumentaram, evidenciando nosso problema no sistema defensivo. Levamos 2,5 gols a mais, somando 19 sofridas bolas na nossa meta. E marcamos 12 gols, 4,9 a menos do que o normal. Esse problema provavelmente será resolvido com a chegada do Guerrero, que jogou apenas uma partida e marcou um gol.

Nosso aproveitamento atual é de 33,33%, quando o normal seria ter 46,63%. Para ter uma ideia, para atingirmos a nossa média precisamos ter um aproveitamento de agora em diante de 52%, algo só conseguido com uma "arrancada" como no ano passado. Arrancada essa que iria consagrar o treinador, que seria visto como a solução de todos os problemas, mas na verdade, gerará um novo problema no ano que vem. E a história pode se repetir, mais uma vez.

Espero duas coisas: 1) Que realmente consigamos ter tal reação. Porque se mantiver nesse ritmo, somaremos menos de 40 pontos ao final do Brasileirão. 2) Que para o ano que vem, comecemos já com um novo técnico, com ideias novas e com gana de vencer, e que as contratações sejam feitas ANTES de iniciar o campeonato, mostrando planejamento, que é o que esperamos de um clube de futebol profissional.